A sorte está lançada, mas 
sabemos do que precisamos

Eu sou um dos chamados corneteiros. Para quem discorda do meu ponto de vista, eu não passo de alguém que só quer saber de reclamar. Para os que me acompanham, somos apenas pessoas que queremos o melhor para o clube só que de outra maneira.

Para vocês terem uma ideia: o escarcéu feito contra o Lúcio Flávio em 2010, eu e meus amigos já fazíamos em 2008. Porém, é hora de uma reflexão.

O novo contrato com a televisão impôs uma nova realidade aos clubes. Embora os valores só sejam atualizados a partir do ano que vem, o futebol brasileiro já se adaptou aos novos números e, assim, as folhas salarias dos clubes já cresceram. O problema é que o Botafogo recebe um valor muito pequeno em comparação aos times do 1º grupo (pouco mais de 50%).

Portanto, dado esse novo quadro, a tendência é a diferença entre os clubes aumentar, salvo as eventuais (in)competências dos dirigentes e uma sorte de aparecer um Neymar da vida. Ao menos nós temos o Engenhão para fazer frente, só que é muito pouco em relação aos contratos de TV que superam a casa dos 100 milhões de reais anuais para alguns clubes. O Botafogo recebe entre R$50 e R$60 milhões.

Com isso, é hora de analisarmos o presente e pensarmos no futuro. O Vasco está certo na próxima Libertadores. E embora a chance de outros três cariocas participarem seja grande, existe a possibilidade de um ou dois caírem fora. Para o Botafogo, mais do que qualquer um dos times, o resultado seria catastrófico.

O Botafogo não tem dinheiro. Uma ausência da Libertadores, sendo o único time a priorizar o Estadual, implicaria em receitas mínimas de patrocínio, fora a perda de visibilidade para os rivais. Com isso, teríamos, também, uma equipe mais fraca no Brasileiro que nos impediria de disputar uma das vagas da Libertadores e, obviamente, o título.

Enfim, entraríamos em um ciclo vicioso que só criaria uma diferença financeira entre nós e os nossos rivais. E a cada ano ela se tornaria mais difícil de ser transposta.

Sei que, dado o passado de desilusões e as absurdas declarações e escalações do Caio Jr, a esperança de um futuro melhor é cada vez menor. Porém, se há alguém que pode fazer os dias de 2007 se tornarem, em definitivo, uma página no passado e fazer esse time passar por cima de qualquer coisa, esse alguém é a torcida.


Em 2009, contra todas as previsões e sendo dirigido por Estevam Soares, a torcida lotou o Engenhão, fez o Black Hell e ajudou a ganhar o São Paulo e o Palmeiras. Decerto despertou Garrincha que deu uma mãozinha para o Jobson.

Naqueles dias, tínhamos duas opções: ganhar tudo e voltar para casa aliviado ou perder e voltar para casa rebaixado. Hoje, nesses cinco jogos, as nossas possibilidades são melhores: vencer e fazer a maior festa que um clube já fez nesse país ou perder e assistir a festa dos adversários.

Nós não somos os maiores - esse nunca foi o nosso objetivo. Porém, mais do que tudo, nós somos a torcida cri-cri. Aquela que reclama, que está sempre fazendo questão de ser ouvida. Essa é a hora. E se perdermos essa chance, ela pode não se repetir tão cedo.

Nunca foi tão fácil. Nunca foi tão importante.

Vá ao estádio, guarde a corneta e empurre esse time. Um futuro melhor depende desses cinco jogos. Vamos, Botafogo!