É estranho escrever para um público grande — falo do meu blog no GloboEsporte aqui. Você não conhece nem uma fração das pessoas e, obviamente, não sabe a sua idade, formação e preferências.
Assim, não é fácil pensar em um texto para um público específico. A única informação é: a maioria é botafoguense e acessa a internet. Ora, não ajuda muito.
Digo isso pois sou um entusiasta da forma tanto quanto do conteúdo. Para vocês verem, antes de postar, jogo o texto para o Word e diminuo bastante o zoom apenas para ver como os blocos de textos ficam dispostos visualmente — OK, eu sei que é um exagero.
Por que parágrafos influenciam — e muito — a forma com que lidamos com a informação, independente do conteúdo. Muitos se esquecem de que eles são pausas maiores, que permitem, vamos dizer, uma quebra de ritmo. E como eles enriquecem o texto.
Assim como a fala — descontada a timidez, claro — pode dizer muito sobre a inteligência e/ou sabedoria da pessoa, os parágrafos em um texto vão além e informam como essa pessoa lida com a informação.
É difícil um raciocínio claro em um bloco enorme de texto, embora eu faça uma exceção à Literatura, por favor.
A maravilhosa professora de Literatura Francine Prose diz em seu “Como Ler Como Um Escritor”:
“(…) cada mudança de parágrafo representa uma ligeira mudança de ponto de vista (…) ou uma mudança de perspectiva que podemos conceituar, cinematograficamente, como uma mudança de ângulos de câmera.”
Como a própria Prose afirma, não há regras para “apertar o ENTER duas vezes” e seguir o texto. Entretanto, esta simples ação irá mudar não apenas a maneira pela qual o seu leitor entenderá o que você escreveu, mas, principalmente, ajudará a você organizar ainda melhor o que você quer passar.
Um viva aos parágrafos. Por favor.

Foto por Pedro Ribeiro Simões (“ Writing in an Apple iPad”)